Ciência, Filosofia… e a “Utopia Caótica” de Deleuze & Guattari

“A filosofia procede sob um plano conceitual de imanência; enquanto a ciência atua sobre um sistema funcional de referência. – Se Filosofia é a arte de fabricar conceitos, a Ciência tem por objeto funções, que se apresentam como ‘proposições’, nos sistemas discursivos”. 

SaussureFilosofia e ciência seguem 2 vias opostas        conceitos filosóficos têm por consistência acontecimentos…enquanto as ‘funções          científicas’ têm como referência estados      de fase; ou seja  enquanto filosofia… ésintagmática… ciência é ‘paradigmática’.          A filosofia busca dentro destes estados,        ocorrências ‘emblemáticas’ – enquanto a        ciência, atualiza funcionalmente os fatos,      por sobre um “espaçotempo referencial“.

O conceito filosófico de “acontecimentos entrelaçados” sob um ‘plano imanente’, se distingue da função científica de um “estado de variáveis independentes” – num sistema de referência, porque na imanência conceitual filosófica“, temos um conjunto unificado de variações sob a influência de uma razão contingenteenquanto que, nareferência funcional científica“…um conjunto de variáveis independentes atua sob controle de uma razão necessária. Todavia, esta oposição natural entre multiplicidades (intuitivas, ou discursivas) com relação a “conceitos fragmentários” sob um plano de imanência; ou “funções de estado”, nos sistemas de referência, também está apta a julgar a relação entre filosofia e ciência — em sua eventual colaboração — ou…mútua inspiração criativa.

A ciência, de fatopara efetuar suas tarefas, não tem qualquer necessidade da filosofia, porém, quando um objeto é cientificamente construído por funções – por exemplo, um espaço geométrico – resta buscar seu ‘conceito filosófico’…que nunca é dado na função.  Os Pré-Socráticos, a propósito, já detinham o essencial de uma determinação científica válida até nossos dias…quando faziam da física uma teoria da mistura de seus diversos elementos…Anaxágoras, por exemplo, mostrou que todo objeto contém, em todas suas partes – mesmo aquelas mais ínfimas – uma multiplicidade infinita de propriedades qualitativamente diferentes… e intimamente misturadas… (água…terra…ar…fogo).

Terra, Ar, Água,....Fogo!...Pedro Moreira

Terra, Ar, Água,….”Fogo”!…Pedro Moreira (fotografia)

Ciência, Filosofia & Caos”                                                                                                        Para a ciência, por exemplo, resolver um problema é escolher boas                                  variáveis independentes…instalar o observador em certo percurso;                                    construir as melhores coordenadas de uma equação ou função, etc.

‘Conceito filosófico‘ e ‘função científica‘ se distinguem por 2 características básicas:  a) variações interligadas ou independentes; b) acontecimentos num ‘plano de imanência’, ou ‘estado de coisas’ num sistema de referência, respectivamente. Conceitos e funções se apresentam assim, como 2 tipos de variedades – ou multiplicidades… que se diferem em natureza. Mas, há uma 3ª grande diferença – que se refere ao…‘modo de enunciação’.    Com certeza, há tanta ‘experimentação mental’ em termos filosóficos, quanto científicos; sendo que, nos 2 casos…os resultados podem ser…”caóticos“. – Porém, tanto em ciência, quanto em filosofia, também há…”criação“. Sendo que, assim como nas Artes, nenhuma criação existe sem…‘experimentação’.  Aliás, o fato de existir “percepções sensíveis”, filosóficas ou científicas, já indica uma relação fundamental entre ciência e filosofia de um lado, e arte de outro a ponto de admirarmos a “beleza” de uma função, ou conceito.

É verdade que os respectivos ‘campos de criação’, se encontram balizados por entidades muito diferentes nos 2 casos, mas que não deixam de apresentar certa analogia em suas tarefas; resolver um problema (em ciência ou filosofia) não é simplesmente responder a uma questão, mas adaptar os elementos correspondentes em um curso predeterminado.  Nesse sentido, é notória a incessante reafirmação da ciência… na eterna oposição a toda forma de religiosidade – através da total substituição do fenômeno da “transcendência”, pela correspondência funcional do paradigma…a um “sistema de referência”. Define-se assim – com rigor científico…a forma pela qual esta deva ser construída, e interpretada. 

A ciência opera todas espécies de bifurcações, sobre um plano de referência não preexistente. É como se a bifurcação fosse procurar…no infinito do caos virtual,           novas formas por atualizar usando uma espécie de potencialização da matéria.              Isso porque…em geral, um…‘estado de coisas’…não atualiza o…‘virtual caótico’,                sem lhe prover um potencial…distribuído ao longo do sistema de coordenadas.

A-origem-do-universo-1

Da confrontação direta entre filosofia e ciência podemos deduzir que esta se dá, sob 3 instâncias principais: a) plano de imanência ou sistema de referênciab) variações contínuas ouvariáveis independentes; c) personagens mítico- conceituaisou, observadores parciais.

Uma importante consequência prática desta diferença de abordagem, está na  posição de atitude… perante o “Caos“. 

Define-se ‘Caos‘, menos por sua desordem, que pela velocidade infinita, pela qual toda forma que nele se esboça é dissipada… Segundo Ilya Prigogine Caos é um vazio virtual,  contendo potencialmente todas partículas possíveis; suscitando todas as formas possíveis,  para, subitamente… desaparecer logo em seguida – sem consequência… consistência… ou referência, numa velocidade infinita… de vida ou de morte.” (‘Entre le temps et l’éternité’)

Uma questão lógica que então, logo se apresenta à  filosofia – é…como conceber essas infinitas velocidades mantendo…ao mesmo tempo…uma virtual consistência própria?        O truque é que, guardando (potencialmente) o infinito…a filosofia conceitua o virtual; enquanto que a ciência renuncia a ele, por meio de uma referência, que o atualiza nas ‘funções de estado’. A ciência, portanto, possui uma maneira peculiar… quase inversa,      de abordar essa…”infinitude caótica“… – Para ganhar a referência, capaz de atualizar          o virtualela renuncia à “velocidade infinita”, por meio de um limite relativístico…c’. 

No caso científico é como que uma suspensão’ da imagem virtual,  limitando, numa fantástica “desaceleração”…o ‘caos virtual‘, ao              seu limite relativístico… uma ‘constante universal’ proibida de ultrapassagem; referência a qual todas as velocidades dependem. 

Os primeiros elementos de uma função científica são portanto, o limite e a variável; sendo que a referência é uma relação entre os valores da variável com seu limite. Aliás, são esses limites (ou, constantes universais) que constituem a “desaceleração no Caos“…ou seja, o limiar da suspensão no infinito’…como referência interna nos sistemas de coordenadas.  Não são relações – mas números (“constantes cosmológicas“) – e, toda teoria das funções depende deles. Por exemplo, a velocidade da luz (299.796 km/seg) onde os comprimentos se contraem até 0, e relógios param; ou na temperatura, onde o Zero Absoluto (-273,15ºC) é, na teoria, quando velocidades termodinâmicas deixam de existir. Assim, a ciência está  impregnada por um ‘plano de referências’, constituído por todos esses limites, ou ‘bordas’,  sob os quais ela…espreita o caos… – Estas mesmas bordas – por conseguinte, dão ao ‘plano original‘… sob seus… “sistemas de coordenadas” — suas próprias… referências.

georg-cantor1Teoria dos Conjuntos (de Cantor)

É difícil compreender…como o limite corrói imediatamente o infinito; pois não é a “coisa limitada”, que define o infinito; mas sim o limite…que torna possível haver uma… ‘coisa limitada’.

Todo limite é ilusório, e toda plena determinação…é negação. A teoria da ciência e das funções depende disso…e, é Cantor quem, de um duplo ponto de vista… – intrínseco e extrínseco a formula matematicamente. A teoria dos conjuntos é a constituição de um ‘plano de referência’…que não comporta somente uma determinação intrínseca de um conjunto infinito; mas subentende também sua determinação extrínseca “transfinita“.

  1. do ponto de vista intrínseco, um conjunto é dito…potencialmente infinito… se apresentar uma correspondência biunívoca, termo a termo, com o conjunto dos nºs inteiros (Alef =0), gerando dessa maneira, funções (“propriamente”) contínuas.
  2. Do ponto de vista extrínseco um conjunto é dito…potencialmente transfinito,      se apresentar correspondência biunívoca com um conjunto maior que o dos inteiros (Alef >0), por exemplo, o dos nºs reais, gerando assim, funções probabilísticas.

Desse modo, o que, na prática, a teoria dos conjuntos faz, é inscrever um limite ao próprio infinito – ou seja – ela instaura uma ‘desaceleração’ como plano de referência, sem o qual, haveria um ‘conjunto de todos os conjuntos’…o qual, Cantor definia como um “conjunto caótico” (Georg Cantor… “Fundaments d’une théorie générale des ensenbles“)

É no “plano de referência“…quando o limite gera (pela desaceleração) uma abscissa das velocidades…que as formas virtuais caóticas, independentemente, tendem a se atualizar conforme a uma ordenada. Este limite é a origem de um sistema de coordenadas…de ao menos 2 variáveis independentes … que se relacionam de modo a gerar uma 3ª variável, referente aos estados matemáticos, físicos ou biológicos da matéria formada no sistema.

‘Estados de coisas’ x ‘Estados do sistema’                                                                   Estados de coisas‘ e ‘estados vividos’ (de objetos ou corpos) são referências das funções; enquanto que “acontecimentos“, formam a consistência dos “conceitos“. 

funçãoO “estado de coisas” pode ser definido como a  mistura das referências … atualizadas pelo mundo,  de seus estados anteriores – ao passo que ‘corpos‘  são considerados como novas “atualizações”, cujos “estados privados“…irão sucessivamente se encarregar de reproduzir novosestados de coisas,  para os ‘corpos’, assim eventualmente decorrentes.  

Já “estados do sistema” são as funções cujas coordenadas geométricas dos sistemas  (supostamente fechados) conferem às coisas, nas interações energéticas dos sistemas acoplados, as informações necessárias aos corposem seus sistemas de coordenadas.  Estas funções dependem da relação entre ao menos duas ‘variáveis (matematicamente) independentes’. Tal relação pode ser definida, como uma “função diferencial” (dy/dx), sob a qual o valor das variáveis… mesmo extraído de velocidades infinitas… é limitado. 

Em todo e qualquer domínio, a passagem de um estado de coisas ao estado de corpo,  através de um “potencial” correspondente…retrata um momento essencial… A saber,          o privilégio interior de todo ser vivo, em reproduzir o potencial pelo qual ele atualiza      seu estado, individualizando a si próprio. – Passa-se aqui, da mistura à interação; as interações dos corpos condicionam a sensibilidade que se exprime nos observadores parciais, completando sua atualização nos seres vivos. – A interação, pela percepção,        se torna comunicação. Contudo, nenhuma dessas operações se faz de per si…Mesmo        inorgânicas – as coisas têm um vivido… motivo de ‘percepções‘… e “tempos de vida”.

Carbono, por exemplo, introduz na tabela periódica uma bifurcação que faz dele,      por suas próprias propriedades conectivas, o estado apropriado da matéria orgânica.         É que o ‘estado de coisas’ atualiza uma virtualidade caóticacarregando consigo um espaço não mais virtual… — mas, que ainda mostra sua origem … servindo como um ‘correlato’, propriamente indispensável ao acontecimento. – Um ‘núcleo atômico‘,      por sua vez… se encontra próximo ao caos…cercado por uma ‘nuvem probabilística’          de partículas virtuais, constantemente emitidas/reabsorvidas. Porém o elétron num      nível mais avançado de atualização, está em relação direta com um “fóton potencial”,        que interagindo com o núcleo, pode assim gerar um novo estado da matéria nuclear.

Contudonão se pode separar um estado de coisas– do seu próprio potencial através do qual opera; sem o que… não haveria atividade, ou evolução…Por esse potencial, o estado pode passar a um espaço de fases cujo número dimensional cresce…com o nº de variáveis…ou, individualizar corpos – que forma dentro de seu…”campo potencial”.

O “pensamentocomo tal, produz algo de interessante quando alcança o “movimento infinitoque o libera do ‘verdadeiro’, como paradigma suposto, e reconquista um ‘poder imanente’ de criação. Mas, para isso se dar é necessário que se vá aofundo do poço“,  ao interior do “estado das coisas“, para penetrar em sua consistência (“esfera do virtual”),  para daí então…atualizar-se. Tal pensamento natural porém…é o que a lógica apenas pode mostrar – sem jamais apreendê-lo…(ou seja, remetê-lo a uma referência)… A lógica então, assim se cala, e paradigma a paradigma se identifica com uma espécie de…budismo-zen“.

A lógica dos conceitos & funções                                                                                            ‘Por querer fazer do conceito uma função – a lógica se torna… necessariamente, reducionista. É preciso pois, inventar novo tipo de função, propriamente lógica.’

O conceito possui uma ‘potência de repetição’, que se distingue da potência discursiva da função. Em sua produção e reprodução ele tem a realidade de um virtual, inversamente às funções de atualização dos estados de coisa (corpo)e, do vivido. – Por isso, criar um conceito… não é a mesma coisa que traçar uma função – muito emboraos dois tipos de “multiplicidade“…em criações e transformações…constantemente se entrecruzem. Confundindo conceitos com funções, a lógica busca suplantar a filosofia. – Entretanto,    o conceito renasce (das cinzas), pois não é “função científica”…muito menos “proposição lógica”. – Ele não pertence a qualquer sistema discursivo, portanto…não tem referências.

Conceitos se mostram como conjuntos vagos e difusos, simples agregados de percepções, que se formam no vivido, imanentes ao sujeito – próprios ao despertar de sua consciência.  Todavia, não é nesses ‘juízos empíricos’ que se acha – ‘de pronto’o refúgio dos conceitos filosóficos. É preciso achar funções em que tais grupos de conteúdos vividos sejam apenas variáveis. O conceito é uma funçãoao conjunto de objetos que constituem sua extensão.  Enquanto as funções tiram toda sua potência de uma… referência – é fatal que a redução do conceito à uma… ‘função‘ – o prive de todos os seus caracteres próprios. – Esta relação difusa “conceito/função”… por sua vez … se faz suscetível à filosofia  sob vários aspectos:

  1. ela faz da ciência, o conceito, por excelência, que se exprime na proposição científica;
  2. ela substitui o conceito filosófico — por um conceito lógico… nas proposições de fato;
  3. ela deixa ao conceito filosófico uma parte reduzida, ou ‘degenerada’ – no domínio da opinião, servindo-se de uma suposta sabedoria superior…ou de uma ciência rigorosa.

codificaçãobináriaMas o conceito não tem seu lugar em qualquer desses 3 sistemas discursivos. Não é…função do vividotampouco função científica ou lógica. A “irredutibilidade” do conceito, às funções; só se descobrese ao invés de confrontá-las ao acaso, conseguirmos implementar a comparação entre o que representa uma ‘referência’ aos conceitos;  de tudo que ofereça consistência“…às funções. 

Na filosofia, o conceito exprime um ‘acontecimento que empresta ao virtual uma consistência ordenadasob um ‘plano de imanência’, isto é, o acontecimento fornece sua consistência virtual ao conceito; enquanto a atualização do estado de coisas dá suas referências à função. Efetivamente, o “acontecimento“…é inseparável do seu ‘estado de coisas’ (ou corpos)…e do vivido…nos quais se atualiza (ou efetua) todas as vezes que o investimos num ‘estado de coisas. Mas, podemos dizer também o inverso que o estado de coisas é inseparável do acontecimento; o qual transborda sua atualização a toda parte.

O conceito, como significado – é tudo isso…ao mesmo tempo – imanência do vivido ao sujeito com relação às variações do vivido; totalização do vivido; e função destes atos’.

Tomando por objetivo, sua própria formação evolutiva…e não sua forma acabada, a matemática e a física fazem do único interesse dos conjuntos…a atualização de seus limites – consagrando à função…por conseguinte, o verdadeiro “objeto da ciência”.  Podemos, então, definir que, na ciência, a função determina um estado de coisas        (ou corpos), que atualiza o virtual, sobre um sistema de referência, ou coordenadas.  Considerando tais definições – as “funções“…podem então ser classificadas como:

  1. funções de objetos, ou corpos individuais – constituem ‘proposições lógicas’ em      termos singulares… – exercendo descrições… que determinam seus predicados;
  2. funções (“científicas”) de estados de coisas; e ‘opiniões’…ou “funções do vivido”.

Uma ‘função completa’ é definida como a relação de dependência, ou correspondência de um, ou vários pares ordenados, onde a referência à variável (argumento independente da função proposicional) define a referência da proposição (ou, seu valor-verdade) para o determinado argumento. Todo conjunto completo tem um nº determinado de elementos,  chamados de ‘objetos do conjunto’. O conjunto dos ‘valores-verdade’ de uma função, que determinam proposições afirmativas verdadeiras… constitui a extensão de um conceito. 

‘Conceitos fenomenológicos‘                                                                                                    “Não são as ideias que contemplamos pelo conceito – mas sim,                                                 os elementos da matéria…por sensações.” (Plotino – Enéadas)

Há uma longa série de mal-entendidos, sobre o que é ‘conceito‘. A ciência, por exemplo, o arrogou para si mesma; porém, há também conceitos não científicos; os quais suportamos em ‘doses homeopáticas’ – quer dizerem “doses fenomenológicas”. A verdade é que  o “conceito”…é confuso e vago  não porque lhe falte contorno, mas por ser não discursivo…se deslocando sobre um plano de imanência … onde variações intrínsecas — constantemente — mudam seu próprio contorno. Não há, de forma alguma, referência…nem ao vivido nem aosestados de coisas’… apenas uma consistência definida por seus componentes internos. 

O conceito é acontecimento: como sentido que percorre imediatamente todos seus componentes. É uma forma, ou força, jamais função, em qualquer sentido possível.    Dessa maneira – não há conceito, senão filosófico, sobre o ‘plano de imanência’…e,            as…”funções científicas“…ou…”proposições lógicas” – não são conceitos.

Todavia, é preciso que a compreensão seja transcendente, e se acrescente à                          opinião; se distinguindo dela em sua imanência, para torná-la verdadeira.

A filosofia grega permaneceu atada a este dilema – inteiramente disposta a redesdobrar sua transcendência, mas para isso necessitava da imanência a algo de transcendente, ou seja, a ‘idealidade‘; a beleza e bondade não cessam de nos reconduzir à transcendência.  É como se a opinião verdadeira exigisse ainda um saber, que ela, todavia, destituiu. Mas,  sendo assima fenomenologia (que necessita da arte, como a lógica da ciência) também não recomeçaria uma tentativa semelhante?… – O vivido não faz do conceito outra coisa, senão uma ‘opinião empírica’ é preciso então, que a ‘imanência do vivido’ a um sujeito transcendente faça da sua opinião um acontecimentodo qual pertençam arte e cultura,    e…que se exprima como um “ato“…desse sujeito em sua própria…”experiência vivida”.  Assim, os gregos…com suas cidades; e a ‘fenomenologia’…em nossa sociedade ocidental, têm razão de supor a opinião como uma das condições da filosofia. – Porémserá que esta achará a via que a leve ao conceito…invocando a arte como meio de se aprofundar    na descoberta de opiniões originais…ou, ao contrário, será preciso subverter com a arte,    a…’opinião’ – elevando-a ao…”movimento infinito”, que substitui seu próprio conceito?

Será preciso então que dentro da ‘imanência do vivido’…a um sujeito, se                descubram atos de sua “transcendência”, capazes de constituir as novas                    funções de variáveis, ou referências conceituais. – O sujeito…nesse caso,                          não é mais o “solipsista empírico”…mas, um “indivíduo transcendental”.    Transcendente…porque “sobrevoa” o estado de coisas…sendo a própria            “imanência” que lhe dá o poder de sobrevoar a si mesmo…em si mesmo.

A ciência dos “acontecimentos transcendentes”                                                              “Todo acontecimento está, por assim dizer, no tempo em que nada                                        se passa” (Bernard Groethuysen…‘De quelques aspects du temps’)

max_weber_frasesSe o mundo vivido deve fundar e suportar a ciência,  bem como a lógica do “estado de coisas“…é natural  a utilização de conceitos filosóficos para edificar tal  fundação. — Não que o conceito se confunda com o ‘vivido‘ – o qual só fornece ‘variáveis‘ – enquanto  conceitos devem também definir… ‘funções – que,  quando científicas farão alusão ao estado de coisas.

Kant começou a realizar essa tarefamostrando como os ‘conceitos filosóficos’ remetiam, necessariamente, à experiência vivida por proposições ou juízos a priori como funções de um todo da experiência possível; entretanto, é Edmond Husserl quem vai descobrir nas ‘multiplicidades imanentes‘… a tríplice raiz dos atos de transcendência… pelas quais o sujeito constitui um mundo sensível… povoado dos objetos que — as formações científicas, matemáticas e lógicas demarcarão…Assim, quem define a potência total da realidade não são mais subconjuntos vagos, mas totalizações‘, excedendo a toda potência dos conjuntos.

A ciência passa da virtualidade caótica aos estados de coisas e corpos que a atualizam; todavia, ela é menos inspirada pela preocupação de se unificar e atualizar num sistema ordenado, do que por um desejo de não se afastar demais do Caoscavando potenciais para aprender a domesticar uma parte do que a impregna … o segredo do caos por trás dela (“pressão do virtual”). De modo que, ao remontarmos a linha na direção contrária;    do estado de coisas…ao virtual – este não mais é ‘virtualidade caótica’…mas um tipo de virtualidade tornada consistente…entidade que se forma…sob um ‘plano de imanência’.     

É o ‘virtual‘ que se distingue do atual…mas um virtual que não é mais caótico, e sim tornado consistente (ou real) atuando sob um “plano de imanência”, refratário à toda influência do “CaosÉ o que chamamos de ‘acontecimento’, ou a parte que escapa à      sua própria atualização em tudo o que acontece. O acontecimento não é de modo algum…o estado de coisas…mas ele se atualiza em um estado de coisas…possuindo    uma sombria “parte secreta” … que não para de se atualizar. Não começa, nem acaba,    apenas retém o… “movimento infinito“… ao qual empresta – o seu próprio equilíbrio.

Lógica Transcendental Dialética                                                                                          “Se o tempo é infinito, é por conta do movimento instaurado pelas diversas forças         em relação – mesmo sendo elas finitas.”  (Gilles Deleuze – ‘Nietzsche e a filosofia’)

caos-virtual-diego-bellorinCaminhamos do ‘virtual’, ao atual “estado de coisas”,  ou vice-versa…sem conseguir os isolar, um do outro.  A linha, na qual subimos não é a mesma pela qual descemos. Então, dizemos que elasnão se “isolam”  de um…“virtual caótico”…que assim atualizam. 

Por isso, filosofia parece à ciência, não um              “evento real” … ordenado pelo…”conceito”,            mas sim — “uma névoa…que alucina”.

Não é mais o tempo que está entre 2 instantes…pois o ‘acontecimento’ é um ‘entretempo’, um devir…duração. Em cada acontecimento há inúmeras e diferentes partes simultâneas, que são singularidades de uma nova ordem infinita. Na “virtualidade” nada se passa, todavia tudo muda; pois o devir não para de atualizar o acontecimento a outro momento; alhures. Quando o tempo passa, e leva o instante…há sempre um entretempo para trazer    o acontecimento. Enquanto a função, com suas relações temporais, apreende um ‘estado de coisas’…é o conceito que guarda o acontecimento…seu devir…suas próprias variações.

A linha da atualidade científica traça um plano de referência, que recorta o caos, retirando dele estados de coisas – que também atualizam (em suas coordenadas) os acontecimentos virtuais, mas só retém dele potências…já em vias de atualização. Inversamente…tendo em vista os conceitos filosóficos do acontecimento… sua virtualidade remete ao ‘caos‘… mas, sobre um ‘plano de imanência’… que dele só extrai… – a intrínseca consistência do virtual.  Ao longo de um estado de coisas procuramos isolar variáveis em determinado instante; para ver…a partir de um certo potencial, quando estas variáveis intervêm entre si, ou com outras…suas relações de dependência…suas singularidades; quais limites cruzam, e quais bifurcações percorrem. Traçamos assim suas funções de estado; cujas diferenças entre local e global entre físico e matemático lógico e vivido — pertencem ao seus domínios.

Um ‘sistema atual’, um ‘estado de coisas’, ou um ‘domínio de função’ se definem então no intervalo de tempo entre 2 instantes; mas, quando nos voltamos para a virtualidade…que se localiza no ‘estado de coisas’ – descobrimos uma realidade inteiramente diferente, que transborda toda função possível… – Segundo James Gleick… – em “La Théorie du Chaos”:  “O acontecimento não se preocupa com o lugar em que está, nem em saber desde quando existe. – A arte…e mesmo a filosofia…podem apreendê-lo melhor do que a ciência. Sendo imaterial…incorporal…invisível… – purareserva potencial‘…de um imanente interior; o que transcende é antes de tudo o próprio ‘estado de coisas’…no qual ele então se atualiza”. 

Variáveis diferenciais ocultas                                                                                       “Haveria 2 infra-estruturas…a mais profunda, estruturada como um conjunto qualquer (pura multiplicidade…mistura aleatória de signos)  já a mais rasa, seria recoberta por esquemas combinatórios desta multiplicidade” (Michel Serres, ‘Le Système de Leibniz’)

fractais-atratores

Um dos aspectos mais importantes da ‘física/matemática moderna’ surge em transições na direção ao Caos…sob a ação de estranhos atratores2 trajetórias vizinhas, em determinado sistema de coordenadasdivergindo de um modo exponencial…antes de se acercaremem repetidas operações não-linearesSe “atratores de equilíbrio” bem exprimem a luta da ciência com o caos … os “estranhos” exibem uma atração intermitente por turbulência caótica. 

Encontramos aqui uma conclusão análoga, àquela que nos conduz à arte a luta com o caos é o instrumento de uma luta mais profunda contra a…’opinião‘…pois é da opinião,  que vem a confusão. A ciência então, volta-se contra a “opinião geral”…substituindo sua comunicação formal…por condições de criatividade… variedades estéticas…ou variáveis científicas — que surgem sobre um plano…capaz de absorver a… “variabilidade caótica”.

As 2 linhas são portanto inseparáveis, mas independentes entre si… – a                    filosofia só fala da ciência por alusão; e a ciência só se refere à filosofia,                          como uma nuvem. – O conceito não reflete sobre a função…nem esta se                        aplica ao conceito; ambos se cruzam, mas cada um seguindo sua linha.

Se a filosofia precisa, fundamentalmente, da ciência que lhe é contemporânea, é porque esta cruza – sem cessar – a possibilidade do conceito… e, porque este, necessariamente, comporta alusões à ciência…Por exemplo, as funções riemmanianas de espaço não nos dizem nada de um conceito próprio de espaço à filosofia – só quando esta estiver apta a criá-lo que teremos o conceito desta função. Igualmente o número irracional é definido por uma função, como o limite comum de 2 séries racionais — das quais… uma não tem máximo, ou a outra não tem mínimo. – Seu conceito…todavia, não nos remete a “séries numéricas”…mas sim – a uma sequência de ideias… se encaixando por sobre lacunas.   

Se a desaceleração é… “a fina borda que nos separa do caos absoluto”a ciência deste,    se aproxima tanto o quanto pode, ao manter relações que se conservam…pela aparição/ desaparição das variáveis diferenciais ocultas. A diferença se faz cada vez menor…entre      o ‘estado caótico’…onde a ‘aparição/desaparição’ de uma variabilidade se confundem, e      o ‘estado semi-caótico’; que relaciona um limite para essas…variáveis colapsantes“. 

SupertrampA(dis)função caótica”                        O conceito filosófico requer uma espécie de “guarda-sol” a nos proteger do Caos”.

Não haveria nem um pouco de ordem nas ideias… se não houvesse também, nas coisas, ou seus “estados naturais”.  Para um acordo objetivo entre coisas,      e pensamento – a “sensação” deve se reproduzir junto com a garantia… ou, testemunho desse acordo. Isso é tudo que pedimos para formar… “opinião”.

Se a opinião popular sonha uma “ciência unificada” pelas 4 “forças fundamentais”,          o sonho mais obstinado de captar um ‘pedaço do caos’…sem embargo, daria à ciência        toda unidade racional à qual ela aspira. Todavia…arte, ciência e filosofia exigem mais          ao traçar seus planos caóticos. Tais disciplinas querem que rasguemos o firmamento,    para um mergulho no… “caos da criação”. — Com efeito… este é o preço que filósofos, cientistas e artistas têm de pagar se quiserem retornar vitoriosos do país dos mortos.          A morte assimilada a um estado de coisas cientificamente determinável…é função de variáveis independentes, ou mesmo, uma (dis)função do “estado vivido”…mas, surge também, como ‘acontecimento puro’, cujas variações sejam inerentes à vida. O que o artista recolhe, são ‘variedades’…que não constituem reprodução exata, mas sensível,      sob um plano de composição capaz de restituir o “infinito” através de uma “intuição”.

Nessa batalha diária, ao longo de um plano de imanência, o filósofo tira do caos,    variações que permanecem infinitas – construindo conceitos. – O cientista…por              sua vez, produz variáveis; tornadas independentes por ‘desaceleração‘…isto é, eliminação de quaisquer outras variabilidades…tornadas ‘constantes universais’,            através de coordenadas finitas sobre um plano de referência…Tal representação    funcional, usa ‘probabilidades locais’, numa “cosmologia global universalizante”.

Ciência, filosofia & arte (uma síntese criadora)                                                              ‘A filosofia também luta com o caospor meio de uma                                                          variedade conceitual…num oceano de dessemelhança’.

O cérebro é definido como a faculdade dos conceitos e de sua criação – ao mesmo tempo em que estende o ‘plano de imanência’ … sobre o qual os conceitos se alocam…deslocam, mudam de ordem e relação, e não param de se renovar  mas, é a filosofia quem carrega os conceitos…e planeja o cérebro… — engendrando seus… ‘personagens conceituais‘.  Não se trata somente de dizer que a arte deva nos formar…nos despertar…nos ensinar a sentir; enquanto filosofia nos ensina a conceber; e a ciência, conhecer o desconhecido.  Independente dos conceitos que venham a ocupá-lo…o plano da filosofia é pré-filosófico: um plano imanente enfrentando o Caos; por isso a filosofia…bem como a arte e a ciência, precisa de uma ‘anti-filosofia‘, que a possa completar…Enquanto conceitos, sensações, e funções se tornam indecidíveis…filosofia, arte e ciência…permanecem indiscerníveis, como se partilhassem a mesma sombra de uma natureza bruta, que insiste em os rodear.

A luta contra o caos se encontra, de diferentes formas, nestas 3 atividades humanas. Mas, esse embate parece pertencer, de direito à ciência, quando esta se utiliza da ‘variabilidade sob constante’…ou ‘limites’…assim ordenando todo movimento em torno de ‘centros de equilíbrio‘… (“atratores”)… reduzido a um número limitado de variáveis independentes.  Também, quando instaura – entre essas variáveis – relações cujo ‘estado futuro’ pode ser determinado a partir do presente, ou ao contrário, quando faz intervir tantas variáveis ao mesmo tempo, que o ‘estado de coisas’ (“caótico“) se torna apenas provável e estatístico.

http://scienceblogs.com.br/eccemedicus/2013/05/fenomenologia-da-elegancia-ii/

Mão com Esfera Espelhada – Escher

Aliás, não é de se surpreender que o cérebro, tratado como objeto constituído da ciênciasó possa ser um órgão de formação e comunicação de opinião…É que suas…conexões e integrações – permaneceram sob o modelo estreito do reconhecimento lógico das coisas.  Isso significa que o pensamento criativo, mesmo sob    a forma ativa que toma na ciência — não depende de um cérebro feito de conexões/integrações orgânicas; de acordo com a ‘fenomenologia’só dependeria da relação do homem com o mundo. Mas esta, por uma dupla crítica mecanicista, não nos faz, por completo, sair ainda da ‘esfera esotérica‘ das opiniões. Ou seja, filosofia…arte…e ciência, não são objetos mentais de um cérebro objetivado – mas sim…os 3 aspectos sob      os quais o cérebro se torna sujeito… ou, 3 troncos da jangada com a qual ele mergulha em direção ao caos.

As ideias só são associáveis como imagens…e ordenáveis, como abstrações;                   para conseguir alcançar o ‘conceito’ — é preciso ultrapassar umas e outras.

Um conceito não é um conjunto de ideias…associadas como uma opinião; muito menos uma série de razões ordenadas. Para atingir o conceitonão basta que os fenômenos se submetam a princípios – que associam ideias…ou coisas…a fim de ordenar a razão.  Um conceito é um conjunto de variações inseparáveis, que se produz, ou constrói sobre um plano de imanência, na medida em que este recorta a variabilidade caótica, e lhe dá consistência real. O conceito é, pois, um ‘estado caótico’ por excelência, remetendo-nos       a um caos, tornado consistente em pensamento, sob um plano que o conduz ao infinito.

Assim, o conhecimento não é uma forma nem uma força, mas uma função. As projeções geométricas, as substituições e transformações algébricas, não consistem em reconhecer algo através das variações…mas em distinguir ‘variáveis e constantes’ – ou, em discernir, progressivamente, os termos que tendem na direção de limites sucessivos. De modo que, quando numa ‘operação científica’ uma constante é determinada, se trata de estabelecer uma relação necessária entre fatores, que permanecem independentes. — Nesse sentido, os atos fundamentais da “faculdade científica de conhecer” estão abaixo relacionados:

  1. limitar as velocidades infinitas… construindo um ‘plano ordenado de referência;
  2. determinar variáveis que se organizem em séries, tendendo no sentido desses limites;
  3. coordenar as variáveis independentes, de modo a estabelecer, entre elas, seus limites: relações necessárias das quais dependem funções distintas…num plano de referência;
  4. determinar a natureza dessas misturas…ou “estados de coisas, que se relacionam com as coordenadas dessas variáveis independentes – às quais as funções se referem.

Estas operações do conhecimento científico são duplas funções do cérebro … que planeja as coordenadas variáveis de um plano referencial de conhecimento. Cabe pois, à ciência, por em evidência o caos, onde… enquanto sujeito do acontecimento – o próprio cérebro mergulha… – não apenas nas ‘sinapses elétricas’… – que indicam um caos estatístico; como também nas ‘sinapses químicas’, as quais nos remetem a um caos determinista.

(Trechos selecionados do livro “O que é filosofia?” de Gilles Deleuze e Felix Guattari) *******************************************************************************

A “utopia imanente”… (Peter Pál Pelbart)                                                                                  A tarefa da Filosofia, para Deleuze – consiste em elaborar um material de pensamento capaz de captar a miríade das forças em jogo – e, daí descobrir…uma força do Cosmos.

jorge_luis_borges-1O pensamento de Gilles Deleuzedeu impulso a vários termos, que circulam      na cena filosófica das últimas décadas,      tais como: ‘diferença’, ‘multiplicidade’, ‘intensidade’, ‘fluxos’, ‘virtual’…e…até mesmo…simulacro. No entanto, é de          se notar uma ausência quase absoluta,      de qualquer menção…ao filósofo … na bibliografia sobre “pós-modernidade”. 

Mas, longe de deplorar essa situação, ou corrigi-la – devemos partir dessa “constatação”: de Deleuze ser uma carta fora do… baralho pós-modernoTal situação se deve ao fato dele ter inventado suas peças outras regras… novo jogo. Em Deleuze não se ouvirão lamúrias ou profecias sobre o fim do sujeito… da história … do social … do político … da Metafísica e Filosofia, ou mesmodas artes… — De acordo com suas próprias palavras:

Jamais me preocupou a superação da Metafísica ou a morte da Filosofia, e quanto à renúncia ao Todo, ao Uno, ao Sujeito…nunca fiz disso um drama.

Cada um dos conceitos de que a teorização contemporânea faz o luto pomposo, uma vez lançados no plano que Deleuze ajudou a criar, rodopiam alegremente, em favor daquilo que pedia passagem, e que cabe à Filosofia experimentar a partir das forças do presente. Desse modo…seu pensamento produziu uma sonoridade filosófica pouco sintônica com     a música enlutada do pós-moderno…ou, com algumas de suas fontes…Nenhum drama‘    em relação à origem, ou destino … do Ser… do pensamento… da História… do Ocidente.

Nenhum ódio ou desprezo pelo mundo, nenhum ressentimento ou culto da negatividade; mas, tampouco complacência alguma em relação à baixeza do presente, e sobretudo uma abertura extrema ao improvável, à multiplicidade contemporânea de processos liberados.  Tal prática filosófica tem todos os riscos de ser mal-entendida por quem está habituado a um ponto de vista histórico-filosófico – a partir de uma exterioridade crítica ou reflexiva, mas também para aqueles que, ao contrário, contentam-se em descrever com deleite, em um misto de melancolia e volúpia, o niilismo de nossos dias… – O exercício imanente em Deleuze traça uma neutra linha transversal na atualidade…recusando o catastrofismo e a complacência… – bem como seus ‘efeitos nefastos’…de paralisia, arrogância…ou cinismo.

utopia

Distinguindo entre… utopias libertárias, revolucionárias e ‘imanentes’… — por um lado, daquelas totalitárias… – seja ‘religiosas’… – ou…’estatais’; se é a utopia quem atualiza    a Filosofia … com sua época; Deleuze então… se pergunta se este – continua sendo…’o melhor caminho’ … a seguir.

A utopia em Deleuze jamais remete a um tempo futuro, e uma forma ideal. Designa antes o encontro entre o conceito e o ambiente presente, entre um movimento infinito…e o que há de real aqui e agora…que o ‘estado de coisas’ impedia de vir à tona… Ao embaralhar as cartas do desejo e da economia…do homem e da máquina…da natureza e da cultura… – e, pressentindo o ‘grau de hibridação’, que as décadas subsequentes apenas intensificariam; inventou-se uma nova maneira de sondar o presente, ‘detectando nele o imponderável’; a partir das forças que pediam novos maneiras de existência…e, de redistribuições de afeto.

E essa é uma das principais funções da Filosofia para Deleuze – sondar o “feixe de forças” que o presente obstrui, fazer saltar as transcendências que nos assediam, acompanhar as linhas de fuga por toda parte em que as pressentimos. — Sobre o traçado de um plano de imanência, forjar conceitos que configurem acontecimentos por vir … fazendo daí, novos modos de existência… sem qualquer anseio de ‘totalização‘. É à luz desse preceito que se pode apreender os conceitos criados por Deleuze… – Mas como avaliar se os eventos que uma filosofia invoca, e as formas de ser que ela faz advir…são melhores…que aqueles aos quais se contrapõe? Não há outros critérios que não imanentes; como responde Deleuze:

“Uma possibilidade de vida se avalia – nela mesma – pelos movimentos que traça…e, intensidades que cria; não havendo outro critério, senão o teor da própria existência.      A vida… – como virtualidade pura … potência pré-individual … campo de imanência        do desejo… – não significa outra coisa – que a emergência desse plano“. (texto base)  ****************************(texto complementar)*******************************

ORDEM E CAOS NA TEORIA SOCIOLÓGICA (Franz Josef Brüseke)                    A sociologia, no que diz respeito à consciência da liberdade– deixando-se influenciar        pela ordem dominante ao não desenvolver um conceito pluridimensional da sociedade industrial capitalista não evolui…desde Max Weber…Karl Marx…e Émile Durkheim.

Os+Clássicos+da+Sociologia

O surgimento das “ciências sociais”…só foi possível porque o “pensamento iluminista” tinha preparado a percepção do seu objeto:    a “sociedade humana”. – Isto foi a base da análise dos fatos sociais … que Durkheim queria tratar como… “coisas” — tal qual as ciências exatas trataram seus respectivos objetos de estudo. Afinal a afirmação de uma“lógica humana”…mesmo com toda imprevisibilidade que carrega consigo, é a hipótese fundamental — no processo do surgimento da “sociologia”como ciência. 

Sendo a ciência determinada por seus reais objetivos, não só a física, química, matemática, justamente aquelas queao longo da história, mais tiveram dificuldade em lidar com uma totalidade dinâmica, além da “geometria fractal” e a “biologia molecular”, há muito teriam aberto espaço ao pioneirismo de uma (teoricamente revolucionária) teoria do caos; como também – a sociologia e/ou economia… ao menos seguiriam seus passos. – Entretanto… a grande novidade espalhada pelos cientistas das áreas exatas, já a partir do Renascimento, foi que o surpreendente não é existir o Caos mas sim, regras que pudessem explicá-lo.

Se cientistas teóricos assustam-nos hoje com o Caos, eles assustam-nos também com a perda de uma filosofia da exatidão autoconstruída, onde o foco da crise parece estar na relativização que sofre tal filosofia – com o questionamento da “mecânica newtoniana”, sobretudo no que diz respeito a princípios da ‘causalidade’…’localidade’, e ‘linearidade’. Fenômenos caóticos, apesar de sua abundância, foram ignorados pelas ciências exatas, porque a sociedade do trabalho no processo de sua formaçãousou produtivamente      as “causalidades” descobertas. A sociedade industrial confirmou assim…com o sucesso    de sua aplicação, o determinismo das ciências exatas (que só vale para certos aspectos    do mundo objetivo). E, ainda hoje essa afirmação é válida; sempre que a racionalidade repetitiva das máquinas se resume aos insumos…processos…e resultados “calculáveis”.

Apesar do fato de existir mais Nada do que Alguma Coisa, a análise da Coisa é a base do sucesso das ciências exatas, confirmando-se no processo produtivo. Todavia, isso também resulta em um desentendimento grave — que levou ao tratamento de…’fenômenos sociais’ como “coisasnas reivindicações de Auguste Comte e Durkheim, ao tentarem introduzir nas ciências sociais métodos e ângulos teóricos pertinentes às ciências exatas do século 19.

Dialética (de Hegel e Marx)                                                                                                            O grande engano da ‘dialética hegeliana‘…é nunca estar completamente errada.                Ao cobiçar a verdade, como a luz errante cobiça a iluminação, ela não se contradiz,            porque depois dela, cada coisa carrega consigo mesma…a sua própria contradição.

K.Marx5A ‘ordem burguesa’ foi para Marx, a síntese de todas contradições sociais e econômicas anterioresonde, atrás da harmonização/eliminação das contradições, escondia-se a crise da ‘acumulação capitalista’…sem    a possibilidade de impedir a formação de uma ‘nova ordem sócio-econômica’. – As dialéticas hegeliana e marxista…uma na forma ideal, e outra…na material, de um lado, dificultou o pensamento estruturado de forma binária, de outro, levou-o a um novo extremo.

Karl Marx pensou poder verificar tal dinâmica da polarização e sintetização – na história real, a qual seria, segundo ele, a história das lutas de classes, onde sempre se confrontam duas classes principais que se diferenciam no controle sobre os meios de produção. Uma classe dispõe desses “meios de produção”…e a outra, produz valores econômicos. A força produtiva do trabalho desenvolve-se e destrói as relações tradicionais de classe; gerando novas relações…A polarização leva à ruptura com o “modo de produção” estruturado a época, mas não consegue manobrar a sociedade dentro do caos não-estruturado‘, pois a empurra em direção a uma forma de organização mais adequada aos meios de produção.

Friedrich Engels não queria aceitar que a dialética só valeria na história, em terreno feito pelo homem. Ele propôs, e elaborou alguns escritos sobre o tema – ampliar a validade da dialética também sobre a natureza. Em “Crítica da razão dialética”…diz Jean-Paul Sartre:

“O resultado dessa gloriosa tentativa é paradoxal: Engels acusa Hegel de impor à natureza as leis do pensamento. Mas, termina fazendo a mesma coisa; forçando as ciências exatas a uma razão dialética, que Engels descobriu na sociedade. No mundo da história trata-se de uma razão dialética. Mas Engels elimina a racionalidade dela, transplantando à natureza.”

As filosofias dialéticas, desde a antiguidade grega, fazem a tentativa de “contar até três”. No discurso filosófico opõem-se tese e antítese, sofrendo ambas no processo discursivo,      a deformação produtiva – que resulta na síntese de uma à outra. Partindo da convicção      de que cada posição se define por seu oposto perspectiva conhecida pela “codificação binária”…Hegel fez da dialética um método universal de pensar…contudo, a ultrapassa, quando pensa que todas contradições estão integradas em um ‘ser abrangente’…que as conserva e transforma. – Dentro dessa perspectiva a identidade entre conservação e transformação significa a eliminação da contradição…mantendo os dois momentos em  um processo de elevação em direção a um grau mais alto do desenvolvimento dialético.

As dimensões fractais                                                                                                                        A existência da sociedade humana depende de uma base natural. Mas a “ordem biológica” vem sendo entropicamente transformada na desordem de átomos distribuídos no espaço.

sustainabilityO pensamento em 3 dimensões…no contexto das ciências sociais, tem ‘função heurística’. Cruzar a lógica biofísica com a lógica da acumulação, leva    a uma noção da “produção industrial-capitalista” como um processo de ‘transformação de energia,    e valor’. Tal constatação abre à teoria econômica, independente do conceito de valor empregado,  o acesso às ‘questões ecológicas’. A confrontação das lógicas políticas com a biofísica e econômica, pode ajudar também…para identificar os limites de uma intervenção estatal…bem como definir a necessidade da ação do Estado, em outras áreas. 

a) dimensão biofísica: a política acontece sempre no                                                      espaço físico…que, embora não a determine, a delimita.

A vida, bem como todos os fenômenos do mundo material que têm metabolismo e por isso se distinguem das coisas mortas é ligada de forma elementar ao “mundo físico”. A lógica biofísica regula o mundo energético-material. Ela é…há séculos, objeto das ciências exatas, lideradas pela física, química, biologia e disciplinas complementares. A teoria política e a ação política‘…que dependem, por um lado, da forma específica da manipulação humana do mundo biofísico – e por outro, influenciam decisivamente na relação homem/natureza, apenas se conscientizam de forma lenta…das consequências ecológicas de suas pretensões.

Submergindo no mundo biofísico, a política foge progressivamente da auto-regulação em si, definida pelos ‘critérios humanos’ (antropológicos), e sujeita-se a uma estranha lógica, que domina o mundo energético-material. O caos determinístico, existente no mundo biofísico deve ser refletido nas projeções políticas e econômicas e, num sentido geral, em qualquer ação planejada…por causa da sua repercussão no espaço econômico e social.

Tentativas de transferir a lógica biofísica para a sociedade, dificilmente podem se libertar de uma crítica; todavia, a mera verificação da especificidade dos fenômenos sociais não é bastante para compreender sua gênese sua significação momentânea sua maneira de funcionar … seu desenvolvimento futuro. – O entendimento da “lógica humana”, que nas mudanças radicais do planeta Terra se expressa junto com a lógica da reproduçãosob a égide do valor e da lógica biofísica, parece à princípio um projeto sem chance. Entretanto, qualquer ‘tentativa prática’ (política) de arrefecer os ‘potenciais destrutivos’ da ‘produção industrial’ que não parta de uma reflexão da dinâmica própria ao social é irrealista.

b) dimensão econômica: o fato dos objetos produzidos no processo de produção não terem só um valor de uso, mas também um valor que admite a troca com outros objetos como mercadoria é confirmado tanto pela economia quanto pela experiência diária.

weber3Em comparação com os conhecimentos acumulados pelas ciências exatas…os resultados da pesquisa econômica têm uma aceitação geral relativamente modesta. A razão disso é que o “desdobramento social” (objeto da economia) tem história relativamente curtacujos fenômenos singulares tipo ‘intervenção estatal’ desenvolvida de forma diversa em cada economia pelos mais variados motivos – ainda não puderam alcançar os “limites de suas possibilidades”.

Ademais, desde o início as ciências econômicas sofreram forte processo de ‘ideologização’, onde teorias que as conformam, refletem os vários interesses com os quais se confrontam os agentes econômicos. Nesse processo, à medida em que aumentam os conflitos, a teoria econômica não tem garantias de que estes interesses não atrapalhem as análises, que têm como finalidade…a objetividade. Aproximando-se do mundo social, que não existiria sem a valorização destes fenômenos, corre-se o risco de construir uma interpretação subjetiva do mundo, em vez de se formular bases científicas. Isto se explica – porque o processo de produção de valores econômicos tem como base uma nacionalidade específica, que não é determinada de forma normativa, embora multiplamente ligada a preferências humanas.

A economia política interpretou a ‘nacionalidade’ da produção industrial-capitalista,        como o processo de acumulação do capital, onde a sociedade industrial corresponde            à forma de movimentação do valor que se expande. Não é por acaso que a sociedade industrial e o capitalismo se desdobram ao mesmo tempo; dominando todos outros    ‘modos de produção’. – O dinamismo da economia industrial-capitalista está sendo determinado pela…”lógica da valorização”…que só a teoria econômica sabe explicar.

c) dimensão sócio-política: dependente do mundo biofísico e da produção definida por mecanismos de valorização, porém bastante distinto, está o universo dos valores humanos.

O sistema de normas que nossas sociedades constroem depende da vontade humana. Só    o homem pode colocar objetivos que, tanto orientam a vida individual, como formam de maneira decisiva, a coerência do processo social. O processo de produção é um processo      de transformação de energia de uma forma a outra. O homem é incapaz de criar energia.    O que ele realiza é organizar a reestruturação e distribuição dela no espaço. – Avaliar os fenômenos que o cercam é uma expressão da força criadora do homemsó ele faz isso.    A arbitrariedade na apreciação inclui o seu questionamento … daí a causa da fragilidade dos sistemas culturais que estão sendo permanentemente reproduzidos, mas também transformados pelos indivíduos. – Valores sociais de qualquer tipo: moral, estético…etc. ocultam com dificuldade o Caos do qual o homem os tirou num ato criador. Enorme por causa disso é o perigo — que poderia também ser uma chance — de recaída no Caos.

Uma apreciação igual e frequente dos mesmos fenômenossolidifica-se em normas duradouras. A interligação da apreciação de outros fenômenos dentro desse sistema        tem como resultado uma ilimitada interpretação sistemática do mundo … evoluindo permanentemente. Com efeito, são um produto humanonão só a interpretação do mundomas também o desenvolvimento dos objetivos de sua mudança. – Segundo    Ernst Bloch, a capacidade de sonhar para frente…de fazer projetos futuros, nasce da incapacidade do homem de submeter-se de modo permanente ao sistema de regras;          da sua capacidade de transcender ordens tradicionais. – Neste sentido, a história da sociedade humana … corresponde a um processo contínuo de dissolução de ligações tradicionais – seja na área da organização social – seja na área dos valores culturais.

O espaço de fases do desenvolvimento global
“O espaço de fases tem tantas dimensões (ou variáveis)…quantas os cientistas                        precisam para a descrição das movimentações de um sistema.” (Briggs e Peat)

comunicacao-rede-mundial No interesse de assim contribuir… à solução dos…’problemas atuais – o critério para escolher dimensões fractais no espaço de fases de um desenvolvimento global é heurístico. Nosso principal objetivo…é alcançar    um máximo de informações sobre a dinâmica básica de umasociedade industrial-capitalista com o mínimo possível de esforço conceitual .

É do ponto de vista do ser humano que os problemas são definidos como tal. Isto significa que o espaço de fases do desenvolvimento global é necessariamente estruturado de forma antropocêntrica — o que não significa que dimensões puramente sociais bastem para a explicação de fenômenos sociais. Existem pelo menos três dimensões, que seguem lógicas específicas, as tornando dimensões fractais relevantes ao desenvolvimento de concepções políticas e à tentativa da realização das mesmas. As 3 dimensões relevantes à sociologia de uma sociedade industrial-capitalista — que se desdobram no tempo e espaço, são: a) a lógica ‘biofísica’; b) lógica do ‘cálculo econômico’; c) lógica ‘sócio-política’. Cada uma das três dimensões se estrutura por uma lógica específica, que interfere nas outras dimensões.

Dependendo do tipo e tempo de interferência surge uma ordem específica da relação entre as dimensõesDurante uma certa fase, a dominação de uma dimensão sobre as outras, ou de 2 sobre a 3ª, provoca desequilíbrios e instabilidades que levam tanto o mundo biofísico, quanto o sócio-econômico – a…”pontos de bifurcação” – gerando… ‘turbulências caóticas’.  Desenvolvimentos dentro de uma única dimensão podem gerar o Caos… que, se encontrar ‘ressonância’, estrutura uma nova ordem, com efeitos não-lineares. Rupturas na dinâmica linear e turbulências caóticas nas relações das 3 dimensões, provocadas por interferências, representam fenômenos altamente complexos. – Estes fenômenos, até o momento, foram somente perifericamente analisados e ultrapassam o horizonte da disciplina especializada.

O Caos com o qual se confronta a sociologia, significa à primeira vista para o cientista uma abundância de informações não-estruturadas. Apesar disso, parece oportuno perceber sua tri-dimensionalidade e tentar entender a lógica específica que estrutura a ordem dentro da dimensão, e as interferências entre elas. A lógica das determinações pode ser suspensa. As rupturas no desenvolvimento ordenado só podem ser entendidas se a dinâmica da “ordem quebrada/quebrando” for captada. Temos que contar com ambas…ruptura e continuidade.

Ordem & Caos (razão por acaso)                                                                                                      Os conceitos de ordem e caos tanto quanto o conceito de ‘racionalidade’ … não                    têm uma significação normativa…A ordem não é de per si positiva e o caos não é                  de per si negativo. – Parece até que entre os dois existe uma mútua dependência.

Discussões sobre a “Teoria do Caos” mostram traços gerais de uma grande teoria. — O Caos é um conceito que admite ‘generalização‘ por interferências externas‘. Como consequência da descoberta dos ‘atratores‘…o conceito de ‘caos determinístico’…perdendo sua força heurística de…pensamento além das ordens conhecidas” … entrou no ‘discurso científico’. Os atratores, que por um tempo determinam o objeto sociológico nas suas movimentações caóticas são estranhos‘…e muito numerosos.

Atenção maior, entretanto, não deveria ser dada ao atrator em si, mas a sua estranheza e aos fenômenos caóticos que acontecem em seu entorno. Sua descoberta deve tornar-se a condição para a interpretação da sociedade humana. Entretanto, uma ‘teoria sociológica do caos’ seria mal entendida, se fosse interpretada como teoria da “arbitrariedade geral”, da falta absoluta de regras. – É justamente a inter-relação e as contradições entre ordem    e caos que caracterizam os sistemas vivos – e o entendimento deste dinamismo depende de uma aproximação simultânea entre esses dois fatores — aparentemente ‘antagônicos’.

Um exagero no uso da “teoria do caos”, negando totalmente a calculabilidade ordenadora, seria pouco útil para uma análise da força eliminatória do modo de “produção industrial”, surgida justamente de sua racionalidade parcial; similar à uma ordemem meio ao Caos.

Segundo Klaus Schulten, em seu trabalho: “Ordem do Caos, razão por acaso”o Caos pode ser precisado no espaço não-estruturado. Isto é possível porque o espaço em si mesmo não é um lugar, mas a possibilidade de todos lugaresEnquanto o Caos é um estado específico do ser, não em uma forma objetivada, mas dinâmica…abrindo-se a todas as possibilidades, a Ordem define lugares … e alternativas à mudança. Nesse sentido, para o direcionamento do comportamento racional – o cérebro humano emprega o papel construtivo do…“acaso”.

Niclas Luhmann opina que todos sistemas comunicativos da sociedade estruturam sua comunicação com o apoio do código binário. Assim trabalha o sistema jurídico…com o código justiça/injustiça; a economia, referindo-se à propriedade com o código possuir/ não-possuir etc. Os sistemas funcionais da sociedade têm ação própriasegundo uma programação específica, e sua capacidade de perceber e agir é limitada…É por isso que problemas centrais, como a questão ecológica‘, são tão negligenciados. O pensamento    em duas dimensões renuncia à possibilidade de um entendimento mais abrangente do mundo e das possibilidades nele ainda não realizadas… — A constatação de Luhmann quanto à dominância do código binário em sistemas funcionais da sociedade é correta, mas segue, sem necessidade, o poder dos fatos…O exagero no emprego do conceito de sistema leva a uma subestimação da dinâmica social…que aponta para o novo, e o não-acabado. A ‘totalidade social’ está em movimento, e ela é também entendida como um “sistema fluente”Dentro de um ‘processo de totalização’…onde o ‘mundo biofísico’ é visível…um pensamento emancipativo começa com a integração dessa 3ª dimensão.

Contradições sociológicas                                                                                                      Numa assustada reação dos cientistas sociais à confrontação comfenômenos caóticos, mostrando que eles também se deixaram influenciar pela marasmo em que encontram-se paralisadas as expressões utópicas de uma teoria social – a consciência das “turbulências” foi liquidada tanto pelo…”positivismo” quanto pelo “pensamento marxista-ortodoxo”.

stuart-mill-frase-Idiossincrasias da sociedade industrial, e previsões do fim da história…eliminaram a categoria central das ciências humanas: a liberdadeentendida como capacidade humana da criação de “normas próprias”, que… ao confrontar-se com as grandes estruturas sociais e econômicas, introduz um fator de risco, que foge ao cálculo científico.

O questionamento da codificação binária, fundamentado na sintetização contraditória, perdeu-se quase completamente na formação teórica pós-marxistacujo pensamento pregou com bastante entusiasmo a teoria da contradição, usada como esquema para a explicação da tese e antítese em todos tipos de conflitos sociais e econômicos. Todavia, ficou esquecido o 3º momento no processo dialético, que não é nem tese nem antítese, mas a preservação e a destruição. O pensamento sintético começa além da codificação binária — e imerso em sua própria complexidade … está fora de seu “alcance reflexivo”.

Prognósticos sociológicos podem até coincidir com o desenvolvimento real mas não obrigatoriamente. Em sentido estrito, como consequência da complexidade fundamental de seu objeto de estudo (que não admite o prognóstico científico)a sociologia não pode ver o futuro de uma forma analítica, mas sim normativa, parecendo partilhar de todas as “desvantagens” das… “ciências exatas” – sem… contudo – usufruir de suas… “vantagens”.  Por seu lado, o conceito do Caos…no contexto da economia da transformação de matéria    e valores, tem uma função crítica…que diferencia nitidamente sua aplicação nas ciências sociaisem relação às ciências exatasque têm no caos um acesso meramente analítico.

Limitada à pesquisa sobre estruturas de ordem social e à busca dos princípios formadores dessa ordem, as ciências sociais até o momento ocuparam-se somente de forma periférica com a ‘teoria do Caos’…apesar das indicações de Durkheim sobre o problema da “anomia”, causado por qualquer nova formação de órgãos e funções sociaisnão compartilhada por regras de cooperação. Assim, conceitos de ‘crise’ e ‘revolução’ deixam transparecer o caos, mas só tem dele um acesso negativo, entendendo-o como…”estado da ordem perturbada”.

“Anomia” (segundo Durkheim)                                                                                                  Anomia: estado de exceção que acontece quando mudanças sociais radicais                      não admitem o desenvolvimento das regras correspondentes à “moral social”.

“Mudanças fundamentais acontecem tão rapidamente…na estrutura da sociedade, que a moral correspondente a tal modelo social muitas vezes enfraquece…sem que seja dado tempo, ao desenvolvimento de uma outra… – preencher o ‘espaço vazio’ na consciência…Dessa forma, com nossa crença abalada — a tradição não domina mais; e o julgamento individual torna-se solto do julgamento público” (Durkheim)

Na medida em que a filosofia se liberou da teologia … tentou desenvolver um conceito adequado do profano. Na ciência moderna da natureza triunfou o código binário, mas constatamos também desenvolvimentos teóricos que o ultrapassam; tornando-se, em consequência – bem mais difíceis de serem entendidos (ou imaginados). A história do pensamento ocidental é a história da luta pelo entendimento de estruturas complexas.   

A crescente divisão do trabalho social traz a necessidade da formação de uma… “teia de regras”… que reconstrua a solidariedade entre as funções divididas. Durkheim … que percebe a problemática do caos, sem contudo ocupar-se muito dela, mostra a formação espontânea de regras em processos anômicos. O princípio da auto-organização ou auto-regulação, como princípio de formação espontânea de regras ou padrões era conhecido explicitamente por Durkheim consoante sua visão sociológica que…nesse contexto, foge aos padrões das ciências da época. Em sua concepção, espontaneamente as regras surgem do contato entre as funções sociais…que pelo hábito da convivência, produzem normas jurídicas provisórias – as quaispassam a se estabilizar no decorrer do tempo.

Confrontado com o caos, que lhe provoca arrepios, Durkheim conclui: “A Anomia é um ‘estado patológico’ porque a sociedade sofre por falta de regras adequadas – sem que achemos os meios para a construção de uma harmonia entre ‘órgãos’ que se chocam de forma não-harmônica”. Ao se interessar pela regra…e não pela exceção – aanomia, para ele, nem chega a alcançar o status de uma rudimentar teoria sociológica do Caos.

“Teoria sociológica do Caos”                                                                                                Uma “teoria sociológica do Caos” o interpreta como uma interferência de                        pelo menos duas ordens diferentes, que no processo de ‘superposição’…criam  turbulências tais… que tornam impossível prever o resultado final do conflito.

estruturas dissioativasPrigogine integrou na física e na química, uma dimensão histórica‘, a partir da sua teoria das estruturas dissipativas‘, longe do equilíbrio. Em dadas fases, elementos destes sistemas comportam-se de forma determinista, noutras não. “Bifurcações” são pontos de decisão de onde surgem tais variações estruturais…que depois de um tempo não previsível, se comportam, novamente…de uma forma determinista.

‘Rupturas sociais’ são bifurcaçõesque redirecionaram as relações políticas e econômicas. O entendimento desses acontecimentos dependente de novas maneiras de interpretação e de teorias adequadas – as quais, portanto, tem que se adaptar à realidade para não perder relevância. Isto significa também a necessidade da elaboração de um determinismo – que delimite a possibilidade de acontecimentos futuros…após a passagem de uma ‘bifurcação’.  A interpretação dos sistemas sociais como sistemas dinâmicos, parte da convicção de que as sociedades, encontrando-se em tempos diferentes, apesar de estados idênticos, podem mostrar graus modificados de estabilidade… Um “sistema auto-semelhante” pode ruir de repente, porque se deslocou de um estado estável para outro instável. No estado instável, impulsos fracos podem provocar efeitos de interferência que desestruturam todo sistema.

A sociedade é umsistema dinâmico crescente cujo prognóstico sobre o efeito de seus processos interreferenciais é praticamente impossível. Tais sistemas podem perder suas estruturas ordenadas … e criar um comportamento caótico…”do nada”. – A dinâmica do crescimento caracterizada pelo ‘capitalismo industrial’ gera caos, em seus mais variados níveis. Agitada pela “valorização do valor”…que espontaneamente tende ao máximo, ela incrementa a desordem no mundo material/social. O aumento da população, amparado pelo efeito “interferência”, ao integrar metrópoles em suas migrações, intensifica o Caos. 

Codificação (reduzindo a complexidade)                                                                               Decifrar sistemas de valores fundados na história é difícil e muitas vezes impossível, embora esses valores sejam um produto humano. O infinito da multiplicidade dos símbolos e sinais, leva à afirmação de que a existência de uma única lógica humana        parece…”simplificação”. Tal afirmação espelha-se na hipótese da existência de uma    lógica humana, inerente a todas as sociedades do globo…um ideal ariscado e nunca verbalmente formulado. É o ‘humanismo universal’ que parte da convicção de uma capacidade global de comunicação, e afirma assim que, sob a multiplicidade étnica              e social, existe uma estrutura comum…onde a comunicação coletiva pode se apoiar.

lógica

Toda moral universal parte da noção… a priori, de uma identificabilidade humana básica, para assim permitir… a comunicação com os outros, ou consigo mesmo. Neste caso, toda percepção, bem como sua própria avaliação, dependem de uma “codificação” (cifra das impressões que os fenômenos externos provocam no observador), para tornar o “meio”pensável e comunicável.

Tal codificação de informações, dentro de processos comunicativos ou reflexivos, depende de regras específicas. Uma das mais comuns é a “binária” … também chamada regra de duplicação polarO fenômeno (A) duplica-se em (A)…mas, de forma exatamente oposta. O oposto exato de (A) não é (B) ou (C)…mas o não(A). O oposto do ser não é um outro ser; mas o ‘nada‘. Pelo código binário duplica-se a existência na não-existência; o impulso, na falta dele. Este princípio, usado com sucesso pelo computador, permite a impressionante velocidade com que trabalha respondendo a uma programação específica (sim ou não).

Excluindo um 3º elemento, a codificação binária se libera da insegurança que caracteriza  a complexidade caótica de relações tríplices, analisada ao nível de teoria social por Sartre, e tematizada na teoria física do Caos, como “problema dos 3 corpos” (Poincaré). O código binário traz como vantagem: a redução das informações complexas a um grau mínimo de complexidade, possibilitando a criação de regras definidas de reflexão; eliminando assim, dentro da comunicação codificada, qualquer dúvidainclusive definindo se uma teoria é racional ou não. A “reflexão” trabalha então com o código binário, para ordenar os sinais caóticos que assaltam o perceptor no sistema comunicativo…O esquema binário dissolve em tempo mínimo, o máximo de fenômenos complexosem duplicações polares. Além disso, como regra de comunicação, ele é fácil de entender, fortalecendo…por sua simples estrutura, a capacidade de agir e decidir. Nisto se baseia seu sucesso, e se medirmos esse sucesso como critério da eliminação — esse esquema também é responsável pela própria incapacidade de entender fenômenos e sistemas que não possuam estrutura semelhante.

Fenômenos não-codificados, fora do sistema comunicativo, não podem ser percebidos        de modo a fazer sentido. De acordo com a inteligência do sistema, e sua capacidade de adaptar-se aos códigos desconhecidos, as informações não-codificadas ou codificáveis poderão ser ambas, indiscriminadamente, simplesmente percebidas como…rumores.

Aquém, e além da dualidade                                                                                                          O “pensamento em Um” existe…não como pensamento analítico, e sim como filosofia da contemplação interior…Mas a ação não pode ser orientada pelas filosofias de identidade.    A tentativa de alcançar a dissolução do Ego no “nirvana” é “pensar” abaixo da dualidade.

friedrich_nietzsche_fraseUltrapassar o código binário‘…parece tão difícil como não alcançar seu grau de diferenciação. O pensamento racional ocidental parece sofrer paralisação, ou tornar-se impossível sem polarização. A reflexão necessita do outro para desdobrar-se num movimento permanente de identificação e distinção… — Na filosofia ocidental, Nietzsche tem uma posição produtiva – mas marginal, certamente por causa do jogo que realiza com “figuras irracionais do pensamento”…Sua ‘visão’ no Zaratustra nasce de um modo de pensarcuja força, se opondo à codificação binária (que reduz sentido/complexidade), surge de uma revalorização dos padrões tradicionais.

O futuro não existe maisa ação presente perde a dimensão do tempo. Sendo assim: “Tudo o que era, volta sempre novamente” (como num…”eterno retorno”). Filosofias          como a de Hegel ou Marxque necessitam ser impelidas de uma coisa para alcançar            a outra…e, respectivamente…uma melhor…não conseguem progredir dessa maneira.

O código binário é um modo específico de simplificar a ‘reflexão/comunicação humana’.    A dominância deste código sobre outras formas do pensamento e da comunicação é um produto histórico. Como produto humano, a codificação depende do homem e pode ser feita desta ou daquela maneira. O entendimento de todas dimensões do ser material ou ideal é um projeto ainda inacabado do “iluminismo”, ameaçado por variadas tentativas      de redução das estruturas complexas às de menor complexidade. Isso vale tanto para o mundo humano, com seus diversos aspectos ideais e institucionais, como para a esfera biofísica cuja complexidade está sendo destruída em atividades industriais-capitalistas.    

Não só a singularidade da sociedade humana se choca com o biofísico,                              como também o processo da acumulação próprio dela possui condições                            materiais que determinam seus limites do crescimento. Estescolocam                                barreiras externas à acumulação. — De fato, a contínua reprodução do                              valor é sempre uma transformação concomitante de matéria e energia.

Racionalidade industrial e Caos na ordem do mercado                                                “O produtor não pode mais abranger o mercado com os olhos, nem imaginá-lo. Não pode imaginar os limites do mercado porque ele é praticamente sem limitesAssim, faltam na produção quaisquer regras ou controles. À medida que vai sendo ultrapassada, em um ou outro sentido ela vagueia cega … no decorrer das tentativas. E… é dessa maneira, que surgem as crises, que perturbam periodicamente todas funções econômicas.” (Durkheim)

As economias modernas tentam reagir contra a tendência de criseinerente ao próprio sistema. Elas não deixam o desenvolvimento da economia “nacional” na mão do capital singular – como uma estratégia… na tentativa de que a força estruturadora do mercado evite o caos. Agentes econômicos (empresários/assalariados) não sabem ou não podem,      a partir das suas posições própriaseliminar, ou pelo menos reduzir as causas da crise. Em consequência o Estado é chamado à intervenção na estereotipada economia social    de mercado, identificando ameaças à ordem sócio-econômica e incentivando medidas para estabilizar o sistema. A superioridade política atual dessa economia de mercado, com intervenção estatal, resulta da aceitação da imperfeição do modelo, e da confiança    no ‘mecanismo regulador’, como uma ‘base racional’ da produção industrial-capitalista.

A economia de mercado adequou-se ao princípio de criar ordem do caos. Agentes econômicos – nada sabendo uns sobre os outros, usam o mercado para descobrir              se o comportamento econômico faz sentido ou não…O nexo social só é percebido posteriormente… quando…”resistências em massa”…contra absurdas ‘exigências industriais capitalistas’…revelam grandes defeitos no funcionamento do sistema. 

A economia de mercado, permanentemente ameaçada pelo Caos, está construindo sobre o mecanismo de oferta e demanda uma ordem econômica com racionalidade e estabilidade próprias, cujo nexo sócio-econômico é produzido a posteriori. A crise – interpretada sob o ângulo da economia política como uma ‘crise de acumulação‘ mostra a proximidade entre a ordem do mercado, e o caos social. Tomando como exemplo países em desenvolvimento, isso leva à sua própria desestruturação. A ordem industrial-capitalista, dominante em não mais do que uma dúzia de países – anda de mãos dadas com o caos econômico e social em vastas regiões do mundo. A inteligência sistêmica do capitalismo industrial que usufrui da intervenção estatal, estrutura seus subsistemas – mas o sistema global não está em ordem.

O sistema industrial desenvolvido mostra, ao nível global, um elevado grau de fragilidade caótica, que busca compensar pelo desenvolvimento de mais ordemIsto pode acontecer pela própria expansão da ordem industrial capitalista, ou pela marginalização das ordens não-racionais, visando barrar interferências caóticas dirigidas à uma ordem institucional. Potencialmente…o homem é, em todos os sistemas sociais, um fator de distúrbio, porque pode ultrapassar as regras do sistema. — Não obstante…no sistema industrial-capitalista, uma parte de suas decisões livres pode ser ‘reintegrada’ conforme as regras do mercado. Isto se daria – a nível de espaço no sistema, como um…”impulso individual de inovação”.

Interferências                                                                                                                              O “Homo faber”, autoconsciente ao final do século 20, deve reconhecer                                  que superestimou suas forças. — A verdade é que apenas uma parte da                      realidade por onde nos movimentamos é controlável pelo homem. 

terraIdealizações de transformações sociais que      partem exclusivamente de um “campo ideal”              da programática política … necessariamente conduzem a erro…por ser impossível definir        cálculo econômiconuma forma normativa.              A longo prazo — tentativas de contradizer a        ‘lógica econômica’, não se mostram estáveis.

Isso mostra-se tanto nas tentativas contrariadas da lógica econômica de industrializar regiões periféricas, quanto na falência do “socialismo real”, que teve que reconhecer a própria irracionalidade econômica. Esse erro, na verdade, tratava-se da insistência na afirmação da validade da ‘lógica humana’ em um campo onde outras regras dominam.      K. Marx, duro crítico da filosofia idealista da concepção do desenvolvimento histórico, consciente disso, insistiu na existência de leis objetivas…independentes da vontade humana. Nele, a política (estrutura complexa da ação humana) está – imediatamente,      ao lado da análise econômica do ‘capital‘. Consequentemente, herdamos uma política econômica que costumava negligenciar a “dimensão biofísica” — do mundo vivido.

Somente a análise dos problemas inerentes ao processo de ‘valorização’ não explica              os transtornos que a produção industrial causa na natureza e na sociedade humana.            A análise do valor…entretanto – é indispensável para o entendimento do ímpeto da economia moderna (que afinal, sempre é de essência capitalista). A análise do valor          se supera na medida em que percebe que a natureza participa da formação do valor.      Como objeto de trabalho (“recursos naturais”) e força de trabalho (animal/homem),            ela influencia fundamentalmente a formação do valor. De acordo com a afirmação            de que só o trabalho tem o poder de criar valor ( Ricardo) é inevitável reconhecer          que a transformação do valor é impossível sem transformação da matériaTal fato,        Marx expressou no conceito do duplo sentido do processo de “produção capitalista”.            Este, para Marx, é ao mesmo tempo processo de trabalho e de valorização. – Como trabalho, é um processo energético que segue padrões de objeto das ciências exatas.

Utopias políticas…estratégias de reforma…enfim todas as tentativas de…”melhorar o mundo”, devem ser refletidas no contexto das 3 dimensões já mencionadas: biofísica, econômica e política…a serem estruturadas em lógicas específicas. – Um conceito de emancipação social tem que abranger a inclusão do cálculo do biofísico… econômico,          e sócio-político. – Assim, parece dependente da reflexão dessa interrelação qualquer projeto político que queira regular a sociedadede uma forma ou outra. (texto base)

Sobre Cesar Pinheiro

Em 1968, estudando no colégio estadual Amaro Cavalcanti, RJ, participei de uma passeata "circular" no Largo do Machado - sendo por isso amigavelmente convidado a me retirar ao final do ano, reprovado em todas as matérias - a identificação não foi difícil, por ser o único manifestante com uma bota de gesso (pouco dias antes, havia quebrado o pé uma quadra de futebol do Aterro). Daí, concluí o ginásio e científico no colégio Zaccaria (Catete), época em que me interessei pelas coisas do céu, nas muitas viagens de férias ao interior de Friburgo/RJ (onde só se chegava de jeep). Muito influenciado por meu tio (astrônomo/filósofo amador) entrei em 1973 na Astronomia da UFRJ, onde fiquei até 1979, completando todo currículo, sem contudo obter sucesso no projeto de graduação. Com a corda no pescoço, sem emprego ou estágio, me vi pressionado a uma mudança radical, e o primeiro concurso que me apareceu (Receita Federal) é o caminho protocolar que venho seguindo desde então.
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2 respostas para Ciência, Filosofia… e a “Utopia Caótica” de Deleuze & Guattari

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